Sobre Mim

Quando era menor, era uma criança esquelética. Ok, magra, de mostrar os ossos. Eu não me importava, eu vestia roupa curtas, roupas de criança, mas não me importava com meu corpo porque realmente não era um problema. As pessoas paravam-me na rua e perguntavam se eu estava com fome. Perguntavam aos meus pais se não me davam comida. Meus pais, sempre me entupiram de comida, e eu, adorava. Comer era meu maior prazer. Só saia de casa se fosse ter comida. Vivia para comer, literalmente. Meus pais não ligavam, enquanto eu  continuasse magra, estava tudo bem. Mas não é assim que tudo funciona. Nada dura pra sempre. Eu cresci. E com isso vieram os quilos extras. Ainda não me importava. Nem reparava. Continuava comendo feito porca. Os apelidos "magrela, pau de sebo" se tornaram em "gorda, baleia". Começou a doer, quando todo mundo ria de mim. As pessoas que antes me diziam o quão magra eu era, me perguntavam como engordei tão rápido, como me tornei naquilo. Machucava, mas ninguém ligava. Ninguém nunca se importou. Agora, estou aqui, com a Ana. Eu espero que um dia eles calem a boca, e que digam o quanto foram estúpidos ao julgar uma pessoa pelo número que ela tem quando pisa num objeto. Eu era apenas uma criança. Uma criança com fome. Estou agradecida por fazerem isso comigo.